16.5.06

 

o governo paulista investe nesse tipo de empresa...

por rafael sampaio


A charge é copyleft de autoria de Gilberto Maringoni, para a Agência Carta Maior - http://www.cartamaior.com.br

O PCC tem uma estrutura hierárquica, que leva ao recrutamento quase automático de seus membros endividados - os "Bin Ladens". Sua complexa organização é fruto do investimento que o governo estadual fez na segurança pública e no sistema penitenciário, visando fortalecer a repressão e o policiamento ostensivo. Criou um monstro popular nos presídios paulistas.

O PCC é diferente do Comando Vermelho, na medida em que não atua exclusivamente com o tráfico e o contrabando, e não está centrado em nenhuma favela nem morro específico. A estrutura da organização criminosa paulista assemelha-se a de um partido fanático, que tem até estatuto próprio e que prega a "liberdade, justiça e paz" aos presos do estado. Pior: em tempos de combate, o PCC assumiu faceta de uma guerrilha urbana, nos moldes das milícias muçulmanas mas sem o radicalismo religioso.


As bases de operação do PCC são as penitenciárias. Com a pulverização dos presos pelas pequenas cidades do interior do estado, o governo prestou um serviço ao PCC, já que levou à sua disseminação em praticamente todo o território paulista. Não duvido que novos núcleos do PCC venham a se formar, depois destas rebeliões. A população dessas cidades, onde o policiamento é frágil e o poder do governo estadual é quase nulo, deve começar a se acostumar com novos atentados. Onde antes havia o marasmo das cidades interioranas, agora pode haver terror num breve futuro.


Sobrou, na capital do estado, uma sensação etérea de insegurança, uma paranóia generalizada. A raiva e o medo tomam de assalto o coração das pessoas, e estas afloram em sentimentos radicais. Ouvi, num mesmo dia, pessoas defendendo a pena de morte, a supressão de direitos individuais, a diminuição da maioridade penal, o incremento da pena nos presídios em mais 30 anos além do permitido...

Passou da hora de agir como um povo civilizado. No dia depois do terror, o que se vê nos jornais são políticos fazendo um jogo eleitoral rasteiro. Discutem se o problema da segurança pública é federal ou estadual. Mas que raios! Será que uma solução conjunta não é possível?! Será que a Polícia Militar não pode agir no estrito senso da lei? Para quê fizemos a Constituição de 1988 então?!

Em tempo: li um artigo sobre pesquisa do "Atlas da Desigualdade Social", elaborado pelo economista Márcio Pochmann, que registra um aumento de 11% da desigualdade social em toda a população nacional, de 1980 a 2000. E depois ainda querem resolver o problema dos pobres com bala, paulada e cadeia. [r]

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