5.7.06

 

usp deve entrar no sambódromo em 2007

por rafael sampaio

O clima sério das universidades combina com carnaval? Se depender da escola de samba Acadêmicos de São Paulo, a resposta é sim. Nascida em berço uspiano no mês de janeiro deste ano, a Acadêmicos é formada por funcionários e estudantes de várias instituições, como Unicamp, Unesp, Cásper Líbero, Mackenzie, PUC, FMU e, é claro, a própria USP.

A escola planeja entrar pela primeira vez no sambódromo em 2007. E o tema do desfile é a história do carnaval, com uma mistura de cultura popular e erudita. Haverá desde alas de passistas representando o "entrudo", tipo de festa de rua da época do Brasil-Colônia, até alas do movimento Tropicalista, que virou febre no Brasil da década de 1970.

Pesquisar a história do carnaval para o tema aproximou a Acadêmicos dos verdadeiros acadêmicos, os professores universitários. De acordo com o presidente da escola, Dennis Albert, há professores conceituados da USP que querem participar do desfile. Entretanto, ele pede para que os nomes não sejam divulgados. "Os docentes têm medo de que a seriedade acadêmica acabe se eles abraçarem a idéia do carnaval", explica Albert, que é aluno do 5º ano de Letras da USP.

Ele revela que o historiador José Ramos Tinhorão foi convidado para desfilar, assim como os músicos Chico César e Oswaldinho da Cuíca. Dentre os docentes, Albert confirma que convidou a professora de teatro Karen Müller, atualmente chefe do departamento de Artes Cênicas da USP. A intérprete do samba-enredo da Acadêmicos será a cantora Bernardete, "afastada do mundo musical há dez anos". A escola pretende retomar, por fim, alas desaparecidas das escolas de samba modernas, como a "ala pede-passagem".

A divisão de alas será temática, de acordo com cada período do carnaval. Os futuros advogados desfilarão na ala dos Pierrôs, enquanto os médicos sairão vestidos de Arlequins. Os estudantes de História, Geografia, Sociologia e Filosofia estão na ala dos "pobres da coorte", enquanto os de Letras farão a ala do entrudo. Os estudantes de Comunicação e de Artes estarão na ala do movimento Tropicalista. Já os professores e funcionários desfilarão na ala do carnaval de Veneza, onde todos que quiserem podem usar máscaras.

Para Albert, a escola de samba "é o maior projeto de integração artística das universidades de São Paulo que os estudantes já fizeram desde o fim do regime militar". Ele calcula que a Acadêmicos de São Paulo sairá com 13 alegorias, 27 alas, 300 pessoas na organização e 2.700 pessoas na avenida.

Dentre os passistas que vão ocupar o sambódromo, quase 200 são atores e bailarinos. O desfile tem até data marcada: 17 de fevereiro do ano que vem.

A bateria da Acadêmicos terá 220 músicos, originários das próprias baterias estudantis das faculdades. "Contamos com a Rateria bateria da Escola Politécnica, a baterECA Bateria da ECA e a bateria da FMU para não fazer feio na avenida", ri o presidente. De acordo com ele, haverá um "curso de formação de ritmistas" a partir do 2o semestre, todas as quartas-feiras, para os interessados em fazer parte da bateria da escola.

A mescla de popular e erudito também está na tal bateria. No meio dos bumbos, pandeiros e cuícas, haverá as vozes dos corais universitários, e até alguns violinistas - porém esses não serão uspianos, segundo Albert. "A quantidade de alunos e funcionários que desfilam em grandes escolas de samba ou tocam nas baterias é surpreendente", diz.

Os ensaios da Acadêmicos de São Paulo começam em agosto e vão ocorrer às sextas-feiras, semanalmente. O local ainda vai ser definido, mas Albert diz que gostaria que fosse na Cidade Universitária da USP, em uma construção abandonada ao lado do Paço das Artes.

Os diretores da escola sabem que o conservadorismo nas universidades é enorme. Haverá críticas quanto ao desvio de foco do tripé universitário, baseado em ensino, pesquisa e extensão. Por isso, querem construir uma sede para a Acadêmicos fora dos muros da USP até o ano que vem. "Nosso samba vai bater de frente com as escolas que se venderam ao mercado", diz Albert, que reforça o caráter erudito e "não-comercial" do enredo do desfile.

Outros elementos que colocam a Acadêmicos num rol de seletos sambistas eruditos: as cores da bandeira, não por acaso iguais às da França; e a coruja, símbolo da escola e que também significa sabedoria. Até o hino da escola diz: "voa coruja querida / ecoa a cultura no ar / saber é a fonte de vida / viver é teu samba cantar!".

E como toda boa escola de samba, a Acadêmicos de São Paulo tem uma madrinha, que é a Rosas de Ouro. O batismo dos "sambistas universitários" acontece no mesmo dia do 35º aniversário da Rosas: no dia 22 de outubro deste ano.

Para participar dos ensaios ou ingressar na bateria, basta enviar um e-mail para academicosdesaopaulo@uol.com.br. A Acadêmicos de São Paulo não está submetida a nenhuma reitoria nem recebe financiamento das instituições de ensino superior.
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comentários:
puxa, textos mal escritos, pautas chatas, nada condiz com as pretensões radicais do projeto de vcs. tão precisando de mais mãos para executar o blog ou mais gente pensando o projeto?
 
boa idéia. algo legal para unir mais as escolas. vai ser mto bom isso!
boa matéria rato.
 
Ah nao liga pra criticas idiotas de pessoas invejosas, muito provavelmente a universidade não esta entre as participantes. hehehehehehe
Eu adorei, acho que é uma otima idéia pra unir as universidades de São Paulo, e quem sabe acabar com as rixas que não levam a nada.
Pode ter certeza que mesmo não desfilando a USP estará lá para prestigiar esse evento.
 
uhh, interessante pensar a mistura do carnaval e Academia, ainda mais se o desfile das escolas de samba ainda forem considerados como expressão da cultura popular. Eu tenho algumas ressalvas quanto a isso.

Não sei. Acho que, mesmo sendo da Morada do Samba, minha querida Mocidade Alegre, vou dar uma conferida em algum ensaio.
 
Adorei o testo , não ligue para criticas bobas sei que vc tem muito a oferecer bjs márcia
 
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