13.11.06

 

o senador e o sociólogo

por tadeu breda

Acredito que a mídia foge do xis da questão relativa à condenação do sociólogo Emir Sader. O manifesto, a indignação ou as opiniões favoráveis à liberdade de expressão não almejam apenas proteger a reputação do professor da Uerj. A crítica apenas traz à tona a questão do desequilíbrio na Justiça brasileira. O sociólogo ofendeu Jorge Bornhausen ao chamá-lo de "racista". Pode-se perfeitamente dizer que existe uma dose de racismo em acusações de racismo.

No entanto, se Sader foi punido por isso, o senador do PFL deveria ter recebido condenação semelhante. O banqueiro catarinense, afinal, caluniou e difamou o PT referindo-se a seus militantes como uma "raça" da qual o Brasil deveria ficar livre pelos próximos 30 anos. Foi essa desigualdade que gerou os protestos e o manifesto.

Não é uma questão de defender a patota esquerdista, mas de assegurar direitos iguais aos cidadãos brasileiros, independentemente de condição social ou ideológica. Não importa, como quer os muitos artigos e opiniões que ouço, se Emir Sader é entusiasta de Fidel Castro, bom professor, intelectual exemplar ou um enganador. O senador e o sociólogo definitivamente não podem ficar em situações diferentes perante a Justiça se cometeram o mesmo "delito".

A liberdade de expressão não é absoluta. Tem seus limites no respeito e na tolerância, na fronteira onde termina a opinião argumentativa e se inicia a ofensa e o ódio.
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comentários:
A alta temperatura do debate político leva seus participantes a cometer atos impensados. O senador pode ter usado o termo "raça" com conotação política, e não racial, ainda que o simples uso dessa palavra levante desconfiança. O professor Emir náo deveria entrar nesse tipo de bate-boca afirmando haver racismo numa expressáo usada largamente no Brasil quando queremos nos referir a pessoas de fora do nosso grupo político, esportivo etc.
 
então. é perfeitamente possível que jorge bornhausen tenha se utilizado da expressão "essa raça" com conotações discriminatórias. ainda mais dizendo que o brasil deveria se ver livre dela por 30 anos. a frase expressa bem uma vontade que o senador deve acalentar em seus sonhos totalitários. afinal, ele é do pfl - inimigo histórico da etnia petista - e foi árduo militante do golpe e da ditadura, que por sua vez perseguia e matava comunistas, muitos dos quais se uniram para fundar o pt em 84. ele tem ódio do pt e deixou vazar esse sentimento. deve ter saudades dos tempos que os militares faziam o serviço sujo e se livravam dessa raça.
se os petistas se sentiram injuriados e difamados com a declaração, deveriam ter procurado a justiça. ou respondido de maneira política. emir sader cometeu o mesmo erro de bornhausen, pois agrediu verbalmente o senador. este foi esperto e procurou a justiça, que, nada imparcial, condenou o sociólogo sem nem se incomodar com o que disse o senador.
 
Veja... não acredito que o senador foi racista desta vez. O PT e seus simpatizantes não são uma raça ou etnia à parte - exceto no sentido conotativo, como foi o uso do senador. Impossível esperar uma condenação da justiça por racismo, isso não passou de uma declaração sem-graça dele. Mas não é à toa que Sader ficou puto: uma declaração desse grau de estupidez proferida por uma das autoridades da República, sem que tenhamos a chance de revidar é uma forma de violência. Se o senador diz isso numa mesa de bar, receberia dezenas de respostas à altura.

O processo tem fortes bases na lei: o professor acusou um cidadão de racista, assassino de trabalhadores e outras coisas sem ter provas. Houve um desequilíbrio na sentença, no entanto: o juiz acredita que a ofensa ao senador foi também ofensa a todo o povo catarinense; besteira.

A reação da imprensa foi equilibrada nisso tudo. Não cabe à ela tomar o papel da justiça e condenar o senador. O professor que recorra. Dessa forma, o manifesto tem sentido estritamente político, o que também é interessante. Não podemos negar que há política nisso tudo, e é ela que justifica posicionamentos a favor ou contra Emir Sader, e é pela política que vale a pena manifestar-se.
 
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