17.12.06

 

a vontade que supera a técnica e a arrogância

por renato brandão

Acabou mais um Mundial de Clubes da FIFA, o terceiro organizado pela máxima entidade do futebol – esporte no qual mais uma vez ficou demonstrado que favoritismo não garante vitória antecipadamente...

Em campo: FC Barcelona, da Espanha, e o favorito da decisão, versus SC Internacional, do Brasil, o azarão. A cidade japonesa de Yokohama foi o palco da terceira final de um campeonato mundial de clubes promovido pela Fifa foi Yokohama...

Definitivamente o Japão não é um lugar que dá boas lembranças ao Barca...

Favorito na final diante do Internacional, o Barcelona pecou por não ter jogado com humildade contra a equipe brasileira. Repetiu assim a história de 14 anos atrás, na Copa Toyota de 1992, quando el Dream Team comandado por Johann Cruyff (com jogadores como o dinamarquês Michael Laudrup, o búlgaro Hristo Stoichkov, o holandês Ronald Koeman e o espanhol Andoni Zubizarreta) caiu diante do bom São Paulo FC de Telê Santana...

Quem não se lembra do time catalão desembarcando em Tóquio, com toda a pompa de que iria passar fácil pela equipe do Morumbi. Porém, no final da partida –em que o Barcelona até demonstrou na primeira etapa todo seu favoritismo contra os brasileiros –, eram os são-paulinos que festejavam o título de campeão mundial...

O Barça não desembarcou com a mesma arrogância de anos atrás, mas o clube europeu deu mostras, no segundo tempo, de que poderia vencer o Internacional a qualquer momento, já que contava com um plantel formado por estrelas como Ronaldinho Gaúcho, Deco e companhia. Ainda mais porque na primeira etapa, o Colorado demonstrou muito nervosismo, sinal de amedrontamento diante de um dos clubes mais badalados do mundo. Algo normal. Os clubes europeus são realmente melhores tecnicamente, mais ricos et cetera. As equipes sul-americanas costumam respeitar demais as do Velho Continente, principalmente as italianas, espanholas, inglesas e alemãs.

Sabendo da sua condição de azarão, a equipe procurou jogar um futebol pragmático, baseado em uma forte marcação no seu sistema defensivo. Era a melhor opção, no entender do técnico Abel Braga, para compensar a inferioridade técnica da equipe brasileira. Faltava apenas à equipe acreditar deixar um pouco do respeito de lado, afinal no futebol, a vitória do mais fraco sobre o mais forte não é possibilidade remota. Bastava um pouco de sorte também, o acaso feliz, uma única oportunidade para matar o jogo. Foi o que aconteceu no segundo tempo...

O Colorado demonstrou muita raça e determinação. A aplicação tática defensiva dos seus jogadores ajudou a neutralizar o estilo de jogo do Barcelona, que esteve irreconhecível na etapa complementar. Depois de cinco minutos, os jogadores mais talentosos estavam apáticos. Impressionava a falta de disposição dos jogadores do clube catalão. Era impressionante a falta de garra para vencer o Internacional. Comportamento inverso que a equipe teve na final da Liga dos Campeões da última temporada (2005-06), quando o time da Catalunha venceu de virada o Arsenal, da Inglaterra...

Mas contra o Inter, em uma competição não-européia e sem a badalação do interclubes europeu, os jogadores do Barça não se aplicaram integralmente para vencer aquela partida. Para o Inter, bastava explorar esta brecha. E a oportunidade surgiu para os gaúchos aos 36 minutos do segundo tempo. Em um chutão dado ainda do campo defensivo para o meio-campo, o reserva Adriano ganhou de cabeça e passou para Iarlei (melhor da partida, na modesta opinião do autor),q eu puxou o contra-ataque e serviu com inteligência novamente Adriano O camisa 16 não perdoou Valdéz. Com o gol, a partida estava praticamente ganha. O Internacional tinha jogado corretamente durante os oitenta minutos e só administrou o restante do jogo...

E o resto é história. Mesmo tendo o elenco menos forte (parecido com o São Paulo de 2005 também teve uma equipe mediana), o Internacional superou as limitações e bateu o poderoso Barcelona. Levou a taça para Porto Alegre, cidade que agora tem dois campeões mundiais...

Mais uma lição que o futebol dá aos europeus, que ainda acreditam poder vencer uma partida unicamente pela camisa do clube ou do talento dos jogadores. Sejamos justos, a empáfia também aparece certas vezes no futebol sul-americano, inclusive o brasileiro (quem não vai se esquecer da decepcionante Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2006?). No futebol, não basta apenas talento e nome. Garra e determinação podem equilibrar uma partida. E a sorte pode pender para um ou outro...

***


É preciso destacar a admirável gana dos sul-americanos, em especial os brasileiros, para conquista o Mundial de Clubes. É para se estudar esta disposição dos clubes brasileiros pelo troféu. Em nosso país, este torneio é muito valorizado, tanto pela imprensa esportiva quanto pelos torcedores. Pessoalmente, acho a competição continental – sejam elas a Copa Libertadores da América ou a Liga dos Campeões da UEFA – mais importantes do que a Copa Intercontinental ou o atual Mundial da FIFA (as razões, bem, ficam para outro texto).
Mas impressiona quanto os clubes do país almejam chegar à disputa contra o campeão europeu. Muitos atletas consideram este o jogo da vida deles...

E não por acaso que boa parte dos nossos times levantaram a taça nos últimos 25 anos: o CR Flamengo de Zico contra o FC Liverpool-ING (3 a 1, em 1981), o Grêmio FPA de Renato Gaúcho contra o Hamburgo SV-ALE (2 a 1, em 1983), o São Paulo FC de Telê Santana contra o FC Barcelona-ESP (2 a 1, em 1992) , o AC Milan-ITA (3 a 2, em 1993) e o FC Liverpool-ING (1 a 0, em 2005)....

A Grêmio (em 1995), Cruzeiro (em 1997), Vasco da Gama (em 1998) e Palmeiras (em 1999) faltaram superar o medo que tiveram diante das camisas de ante Ajax-HOL, Borussia Dortmund-ALE, Real Madrid-ESP e Manchester United-ING, respectivamente. Nestas finais, os brasileiros entraram na condição de zebras, mas não aproveitaram a sorte que o futebol proporcionou...

Não é por acaso que o Brasil detém a hegemonia no atual formato do Mundial. Em três edições, foram três vitórias de clubes brasileiros. Além do Internacional e do São Paulo, se junta à galeria o SC Corinthians P, que levou o caneco em 2000 -título contestado tolamente e unicamente pelos rivais do clube do arque São Jorge...

O feito do Internacional foi impressionante. E o futebol é um esporte fantástico...
[r]

Marcadores:



comentários:
por isso é que eu digo que a libertadores é melhor que a liga dos campeões da uefa. claro, o torneio europeu tem mais dinheiro, e, portanto, mais estrelas, mais estrutura, enfim, mais pureza tática. o barcelona joga mais bonito que o internacional, sem dúvida. basta observar a qualidade do toque de bola de deco, ronaldinho, giuly e companhia. mas a libertadores tem coração. infelizmente, isso não impede times ruins e retranqueiros de vencer a copa mais importante das américas, como o once caldas. sei lá. alguma coisa sem muita lógica rege esse tipo de coisa. o inter, concordo com o renato, tremeu no começo do jogo. ficou com medo do barça. e depois ganhou. dá perfeitamente pra entender. já pra explicar...
por isso é que eu concordo com um colega que dizia: um time europeu, com todas as estrelas, jamais ganharia uma libertadores. vida longa às américas!
 
Bom, eu, primeiro, gosto de futebol, e leio sobre, mas, aqui, acho que este texto está deslocado. Não que ele seja mau, em si é até bom, mas poderia ser encontrado em qualquer folha de são paulo. Ele não é nada reverso. Enfim, posso estar errado, é só uma opinião que quer ser sincera.
 
Postar um comentário



< início

This page is powered by Blogger