19.8.07

 

viagem ao brasil de lá, parte 1

por fábio brandt

O reverso publica em partes os textos sobre a viagem de Fábio Brandt à Amazônia como integrante da comitiva de jornalistas e estudantes de jornalismo recebida pelo Exército Brasileiro no Comando Militar da Amazônia

A Amazônia tornou-se assunto de destaque em 2007. Foi tema da Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – o encontro científico latino americano com maior número de participantes – e da Campanha da Fraternidade da Igreja Católica – que escolhe um tema por ano para orientar investimentos em projetos. As freqüentes e crescentes queimadas que ocorrem na região também despertaram a atenção da opinião pública, após divulgação dos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC).

O Governo federal, no entanto, não dá tanta atenção à região. Essa é a opinião do alto comando do Exército Brasileiro, explicitada pelo General Raimundo Nonato de Cerqueira Filho, comandante do CMA (Comando Militar da Amazônia). Com quatro estrelas no uniforme, Cerqueira ocupa o cargo máximo do exército brasileiro em tempos de paz (cinco estrelas só em tempos de guerra, quando há nomeação de marechais).

Entre as sete regiões militares do Brasil, o CMA é a prioritária. “Tem muita gente de olho na Amazônia. Precisamos protegê-la e conservá-la”, diz Cerqueira, afirmando que a maior ameaça à região é o vazio de poder deixado pelo Estado brasileiro. Segundo o general, a cobiça dos outros países se deve, principalmente, a dois motivos: localização estratégica (a floresta equatorial corta nove países: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela) e riqueza natural (a parte brasileira da Amazônia concentra o maior número de espécies vivas, animais e vegetais, do mundo, além de 15% do total de água potável).

Dada a “ausência do Estado” na região norte, conta Cerqueira, o exército não executa apenas funções militares ali: oferece assistência médica à população (com médicos convocados pelo serviço militar obrigatório); apóia, com transporte fluvial e aéreo, a entrega de suprimentos alimentares e médicos em comunidades ribeirinhas; dá “caronas” de avião e barco a população (para muitos, esse é o único jeito de se deslocar até algum serviço público).

Outras conseqüências do abandono da região são a proliferação do narcotráfico, nas áreas de fronteira, e da destruição da natureza, principalmente com queimadas. O Exército tenta coibir isso, diz o general, mas o contingente de 25mil homens e a verba recebida pelo CMA é insuficiente para realizar um serviço cem por cento eficiente. “O CMA abrange 42% do território nacional, com 1.300 quilômetros de costa, 11mil quilômetros de fronteira. É complicado”.
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