14.3.06

 

quando a ressaca passar...

por joão peres

Dentro de poucas horas, deve começar uma interminável (ou melhor, com prazo marcado para acabar: outubro de 2006) onda de ataques contra o presidente Lula.


Não que a imprensa o tenha poupado nos últimos meses, pelo contrário. E não que o presidente seja santo. Mas agora, com o nome do candidato tucano fechado, alquimistas e serristas, estadistas e folhistas, contrariados ou não, fecharão o cerco contra os petistas.

Durante as últimas semanas, o tucanato esteve dividido e, estranhamente, as primeiras denúncias de problemas em governos do PSDB apareceram em jornais de grande circulação – cada um tentando machucar a imagem daquele que não era seu candidato. Aliás, houve até mesmo uma pesquisa Datafolha sugerindo claramente que o governador seguisse para o Senado, deixando a Presidência livre para José Serra.

Agora, não há mais problemas desta ordem. A Folha vai ter que agüentar e começar a trabalhar em torno da figura de Alckmin. E uma campanha feroz contra o atual governo deve intensificar-se a pontos altos. Toda e qualquer trapaça tucana que tenha sequer ameaçado sair do escuro nas últimas semanas será duramente abafada.

Mas os veículos de imprensa enfrentarão agora um obstáculo colocado no caminho por eles mesmos. Ao longo dos últimos meses, dispararam quase que diariamente, a torto e a direito, denúncias de corrupção, embasadas em provas ou não. Independente do tamanho e da veracidade da tramóia, o destaque dado era o mesmo. De modo que o (e)leitor já não difere mais tão facilmente entre um grande esquema de corrupção e um pequeno. Os nomes parecem todos os mesmos, os desvios de comportamento também.

E tem mais. Até agora, ninguém conseguiu colar a imagem de Lula aos esquemas de corrupção. Ou pelo menos não teve capacidade de convencer o eleitorado. E este é um dos maiores desafios do tucanato no momento que se inicia. Tanto que, na falta de provas diretas contra o presidente, a bola da vez é Antonio Palocci. Políticos são ouvidos a todo o momento dizendo que a situação do ministro é insustentável. Acredita a imprensa que, atingindo um dos pilares do governo atual, estará sendo abalada também a imagem de Lula. Pode funcionar, ou não.

Uma das grandes questões, por enquanto, será detectar como vai se comportar a Rede Globo, agora que tem um nome concreto a trabalhar em torno. É preciso saber, no entanto, se a poderosa emissora de televisão tomará uma atitude abertamente hostil em relação a Lula ou se fará ataques velados. Afinal, provam experiências anteriores que nem sempre a emissora da Família Marinho sai vencedora da disputa. E, nestes casos, é melhor ter uma inimizade conciliável do que sofrer o perigo de um inimigo declarado. Só o tempo vai dizer. [r]

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comentários:
A Globo eh vendida e o Lula eh assassino, afinal quem matou o celso daniel? O Pt... morte aos fdp do pt
 
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